sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Não tenho nem trinta anos e já pego-me em pensamentos de velhice. Há não muitos anos atrás eu tinha essa inocente certeza de que tempos melhores viriam (e virão), mas com uma concepção tão ridiculamente irreal que eu dou risada da minha própria ingenuidade. Eu achava que acharia o emprego, a carreira, o parceiro e os amigos perfeitos. No tempo livre iria a muitos shows e conheceria pessoas tão extraordinárias que elas inspirariam-me a escrever um livro por mês sobre a idiossincrásica beleza das interações humanas.

A maioria dos meus amados amigos inteligentes pensava assim. Esse é um cliché tão ubíquo que não leva mais de 0.002 segundos para o google achar ao menos 4 bilhões de sites de balzaquianos chorões frustrados com o futuro que não chegou. Não forçarei vocês, brilhantes presenças na minha vida, a ler outro tedioso relato de como é difícil deixar de ser adolescente mesmo depois de treinar durante toda uma década.

Eu vivi muito sim, conheci pessoas extraordinárias sim, mas meu dia-a-dia é recheadíssimo de eventos ordinários que eu, muito maravilhosa que sempre achei-me, arrogantemente pensava que escaparia. É incrível como quando se pensa em realizar sonhos ninguém nunca explica que você precisará levantar às seis da manhã para sempre e passar boa parte dos seus preciosos anos trabalhando com idiotas.

Ah, os idiotas. Estes merecem um post à parte, tamanha sua infeliz participação tragicômica em minha vida. Sempre que eu oro pedindo livramento do mal, incluo também livramento da idiotice e da mediocridade. Deus faz o que pode, mas eliminação de 98% da população humana (estatística aproximada, antes que  algum espertinho venha-me com questionamentos relativistas) infelizmente não está em Seus planos simplesmente por causa da minha intolerância. Além do mais, boa parte dos idiotas parece estar dentro das igrejas, o que faria Deus escolher entre os filhos inteligentes e os que fazem-O passar vergonha, e eu não sou uma filha egoísta, não encherei-O com tais mesquinharias. Com a condição de que eu não tenha que interagir muito com eles.

De qualquer maneira, sou muito feliz pelas oportunidades que tive, sou uma reclamona convicta mas deixo claro que sou também uma grata convicta, completa e eternamente. Não aprofundarei-me em pieguices de louvor à vida, ao menos por enquanto. Eu preciso de alívio para o  que sofro, o que é belo não inspira posts em blogs no meio da madrugada.

Aventuro-me novamente no mundo dos blogs, sem pretensões, que isso também faça-se bem explícito, graças à insistência da minha linda amiga Cris Martins, à necessidade de perder tempo "produtivamente", e para manter um contato um pouquinho mais próximo das pessoas que mais fazem-me falta, e que estão tãããããão longe, fisicamente, de mim.

Rapadura é doce mas não é mole não. Quer moleza coma brigadeiro, rapá.